domingo, 29 de setembro de 2013

DISCUSSAO SOBRE A IMPORTANCIA DA INICIACAO DESPORTIVA NOS ALUNOS MOCAMBICANOS

TEMA: A IMPORTANCIA DE INICIACAO DESPORTIVA NOS ALUNOS MOCAMBICANOS Capitulo I I.Introdução O processo de ensino-aprendizagem e treinamento da técnica desportiva é uma componente de rendimento importante na formação desportiva do indivíduo. Neste processo, o planeamento sistemático e consciente gera caminhos seguros para a formação integral do indivíduo. O esforço teórico gera segurança na realização do trabalho. Actualmente, existe vasta bibliografia orientando e fundamentando o processo de formação desportiva, em termos de “Análise da Iniciação Desportiva em Futebol na Cidade de Maputo”, por exemplo, as Escolas de futebol com ligações nos clubes, Estrela Vermelha, Desportivo de Maputo, Escola de Formação Eusébio (Costa do Sol) e João Chissano sem ligação com os clubes de futebol. Diferentes abordagens sobre a Analise da Iniciação Desportiva em Futebol, foram encontradas. O objectivo desta pesquisa não é trabalhar ou tentar explicar estas diferenças, mas sim realizar uma revisão bibliográfica sobre os elementos constitutivos da capacidade técnica e, dentro desta, a relação com o futebol de campo e sua aplicação na metodologia do processo de Iniciação Desportiva na Cidade de Maputo. Assim, se pretendermos estruturar o nosso futebol, elevar o nível qualitativo dos nossos atletas, não podemos trabalhar ao acaso, implementando os mesmos conteúdos e os mesmos métodos ultrapassados, sejam eles destinados para atletas das categorias de escolas, juvenis ou seniores. Desde o momento que se inicia a prática do Futebol, até chegar ao alto nível de rendimento, os jovens devem (ou deveriam) passar por um processo de formação coerente em que haja uma progressão da aprendizagem por diferentes etapas, com objectivos, estratégias e conteúdos adequados às suas diferentes fases de desenvolvimento cognitivo, afectivo e psicomotor em futebol. Na actualidade, sabe-se que quando se ensina um jogo desportivo colectivo, com crianças, como é o caso do futebol, não deveremos fazer através do jogo formal (11x11), tal como nós conhecemos. Dai, haver necessidade de pesquisar sobre a importância da iniciação desportiva e de acções pertinentes para o ensino-aprendizagem do futebol nos jovens, futuros futebolistas. Portanto, devemos ensinar o jogo de futebol, através de formas adaptadas às características físicas, psíquicas e comportamentais das crianças. Porém, o futebol é um desporto praticado por milhões de pessoas no mundo todo e provoca as mais diversas reacções, tanto em seus praticantes como nos adeptos. Dentre os motivos pelo qual o futebol é tão popular no mundo inteiro, pode-se destacar o facto de o futebol ser praticado apenas com uma bola e alguns jogadores, é um desporto com regras fáceis de serem entendidas e podem ser facilmente adaptadas. Isso torna o futebol um desporto simples de se praticar. Por esses motivos e pela grande divulgação na mídia, o futebol é um dos desportos mais praticados em Moçambique e no mundo por crianças e jovens. A procura das escolas de futebol inicia-se com 5-6 anos. Segundo PINI (1983), a idade para a iniciação desportiva corresponde às fases pré-escolar e escolar entre 7 e 12 anos. Apesar disso, os profissionais que actuam com a iniciação nas escolas de futebol, normalmente utilizam metodologias de ensino/treinamento que vivenciaram em sua prática desportiva e, muitas vezes, não são adequadas às faixas etárias na qual se encontram as crianças. Para Arena e BOHME (2004), a iniciação desportiva pode acontecer até mesmo aos 5 e 6 anos e consiste em propiciar à criança, durante seu tempo livre, a prática de várias modalidades desportivas, realizada duas vezes por semana de forma lúdica, sem preocupação com a competição e com aspectos técnico-táctico. O facto de a criança começar cedo a iniciação no desporto não preocupa, desde que a proposta de ensino seja compatível com suas características, possibilidades, interesses e necessidades. A iniciação deve formar e preparar o jovem para a etapa posterior de treinamento e especialização. A iniciação desportiva deve propiciar condições favoráveis para as crianças se tornarem praticantes, de forma regular e sistemática da actividade física no transcorrer de toda sua vida, contribuindo para sua formação integral, bem como, para a preparação para a especialização em uma modalidade que a criança possa escolher no futuro livremente conforme suas experiências anteriores. Toda ênfase deve ser dada ao respeito, à individualidade da criança, na manutenção da ludicidade na actividade física, com objectivos de adquirir, manter ou aperfeiçoar sua condição de saúde, respeitando o desenvolvimento motor, cognitivo, afectivo e social. A especialização desportiva compreende o treinamento das habilidades e capacidades específicas, e dos planos tácticos, que são pré-requisitos e que caracterizam as modalidades, diferenciando-as uma das outras. O treinamento para especialização é realizado apenas para o desenvolvimento em uma modalidade, pois, o tempo que é utilizado nesse desenvolvimento é consideravelmente grande, por objectivar o rendimento em competições que acontecem com relativa frequência. A idade de especialização compreende a fase pré-puberal (MARQUES, 1991), podendo variar de acordo com a aptidão demonstrada pelo praticante e pelo seu grau de desenvolvimento físico, ou ainda pela característica específica da modalidade. Desse modo, este trabalho visa verificar como ocorre a iniciação desportiva nas escolas de futebol. 1.1Definição do Problema O desenvolvimento dos componentes do rendimento desportivo é parte importante do processo de ensino-aprendizagem em todos factores, inerente à formação do indivíduo. A preocupação de professores de educação física e técnicos desportivos em estimular o desenvolvimento equilibrado das capacidades físicas, técnicas, tácticas e psicológicas deve ser constante, objectivando a formação integral do indivíduo. Vários estudos feitos encontrados na área do futebol especificamente na iniciação desportiva da prática do futebol nos jovens, visto que é um problema que preocupa a nossa área de Educação física e desporto, será que influencia a iniciação desportiva em futebol nos jovens da Cidade de Maputo? Muitos estudos afirmam que as vezes, não ensinamos o futebol, limitamo-nos a treinar o futebol, daqui se reforça que este tema tem pertinência para a iniciação desportiva na cidade de Maputo. 1.2 Justificativa do Tema Muitos profissionais que trabalham com a iniciação desportiva no futebol são ex atletas ou já vivenciaram a prática do futebol competitivo. Esses profissionais, incluindo os que são formados em educação física, muitas vezes, repetem com seus alunos a experiência de ensino que tiveram. Dentre esses profissionais, muitos não respeitam as características físicas, psicológicas e de desenvolvimento das faixas etárias nos quais as crianças se encontram. A iniciação desportiva acontece a partir dos 6-7 anos de idade (ARENA e BOHME, 2000; PINI, 1983) e é fundamental para a criança uma formação desportiva mais geral onde ela possa vivenciar diferentes possibilidades de movimentos. No entanto, já a partir dos 6-7 anos é possível observar a especialização desportiva de crianças que são incentivadas a praticar o futebol pelos pais, professores, amigos ou por vontade própria. Nesse contexto, é importante entender a formação do profissional que trabalha nas escolas de futebol, qual a metodologia de ensino utilizada, para entender como ocorre a iniciação nas escolas de futebol e até que ponto existe uma especialização precoce nesta modalidade. 1.3 Objectivos da Pesquisa 1.4 Objectivo Geral  Explicar o processo de iniciação desportiva no futebol na cidade de Maputo. 1.5 Objectivos Específicos  Identificar as escolas e a formação dos profissionais/professores, que actuam nas escolas de futebol.  Analisar a metodologia de ensino, forma de competição, carga horária semana empregada nas escolas de futebol.  Verificar quem influenciou a criança a jogar futebol, qual o motivo que leva a criança a frequentar uma escola de futebol, seu interesse em participar de competições e como ocorre a definição da posição de jogo. 1.6 Hipóteses  O uso correcto das acções pertinentes para a análise da iniciação desportiva dos futuros atletas desportivos, contribui para o bom desempenho dos mesmos.  A valorização das práticas educativas sobre a análise da iniciação desportiva ajuda a melhorar o desempenho institucional, em termos de bons resultados. II. REVISÃO DE LITERATURA Na discussão sobre a pertinência da análise de iniciação desportiva como o processo de ensino-aprendizagem em futebol para jovens com a faixa etária de 6-12 anos, encontramos os autores: GROSSER e NEUMEIER, (1982); HARRE, (1979); LETZELTER, (1978); MEINEL e SCHNABEL, (1976 e 1987); ROTH, (1987); WEINECK, (1983 e 1989), consideram o termo treinamento técnico como sinónimo de aprendizagem motora. Essa posição não é compartilhada por outros, por exemplo, LEHNERTZ, (1990); MARTIN, CARL e LEHNERTZ, (1991); MECHLING, (1984))". Entretanto, para GRECO, (1995:98), "na realidade, trata-se de diferentes momentos dentro de um mesmo processo: o processo de ensino-aprendizagem- treinamento". Assim, a literatura desportiva, mostra várias definições de técnica. ZAKHAROV e GOMES (1992:178) a definem como "acção motora como meio de solução da tarefa motora". Para o autor, a noção de técnica desportiva é percebida frequentemente como o modo mais eficiente de realização de um movimento. GROSSER e NEUMAIER (1982: 11) têm uma definição de técnica dividida em dois aspectos. No primeiro, "Técnica é o modelo ideal de um movimento relativo a uma disciplina desportiva. Este movimento ideal pode descrever-se baseando-se nos conhecimentos científicos actuais e nas experiências práticas, verbalmente, de forma gráfica, de forma matemática, anatômico-funcional e outras". No segundo, técnica " é a realização do movimento ideal a que todo desportista aspira. Ou seja, o método para realizar a acção motriz óptima por parte do desportista". De acordo com HEGEDUS (1984: 139), a técnica desportiva "consiste num sistema especifico de acções sucessivas e/ou simultâneas, das quais operam como consequência da intenção de forças externas e internas e com um único objectivo: aproveitar de maneira mais efectiva todas estas acções em vista a alcançar um alto rendimento". Por seu turno, WEINECK, (1989: 195) entende por técnica desportiva "os processos desenvolvidos, geralmente pela prática, para resolver mais racional e economicamente um problema motor determinado". GRECO, (1995), define como "a adequada interpretação no tempo espaço e situação do meio instrumental operativo necessário para solução da tarefa ou problema motor que se enfrenta no desporto. Percebe-se agora que a abrangência do termo técnica para os processos de ensino-aprendizagem desportiva, varia de autor para autor. Esses conceitos são aplicados de acordo com a importância que a técnica tem nos desportos. A acção motora como solução de um problema motor pode ser determinante para o sucesso a ser alcançado em desporto ou seja, a execução correcta do fundamento desportivo está dentro de certos padrões predeterminados, WEINECK, (1989,p. 195). 2.1 Conceitos básicos Atleta – pessoa de grande força e destra na luta a braço: gladiador: pessoa que pratica atletismo. Segundo o dicionário do estudante (p.114). Estratégia – Segundo TAVARES (2002), ” consiste no conjunto de decisões e directrizes que permitem definir um campo de actuação para a instituição e uma orientação de crescimento.” Motivação – é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma, isto é, tudo aquilo que dá origem a alguma propensão a um comportamento específico. O impulso à acção pode ser externo e interno (CHIAVENATO, 1994). Talento-– é uma forma particular, uma particularidade natural de fazer alguma coisa bem (MARTIN, 1998) Técnica, é o uso sistemático de processos e operações para desenvolver uma determinada tarefa, para resolver um determinado problema" (MARTIN, 1991). Treinamento "é um processo planificado, com o qual se procura alcançar determinado nível de desempenho, que é sempre o resultado da interacção complexa de parâmetros condicionais, coordenativos, psíquicos e de qualidades pessoais, (MARTIN, 1991). Treinamento desportivo -Segundo DANTAS (1998) o treinamento desportivo é o conjunto de procedimentos e meios utilizados para se conduzir um atleta à sua plenitude física, técnica e psicológica dentro de um planeamento racional, visando executar uma performance máxima num período determinado. O treinamento desportivo apresentou, através dos tempos, uma evolução intimamente ligada à história dos jogos olímpicos. Pode-se, pois, dividir a história do treinamento desportivo nas seguintes fases: Período da Arte (da I Olimpíadas da Antiga Grécia até a I Olimpíadas da Era Moderna); Período da Improvisação (da I Olimpíadas até as VII Olimpíadas); Período do Empirismo (das VII Olimpíadas até as XV Olimpíadas); Período Pré-científico (das XV Olimpíadas até as XVIII Olimpíadas); Período Científico (das XVIII Olimpíadas até as XXII Olimpíadas); Período Tecnológico (das XXII Olimpíadas até as XXV Olimpíadas) e Período do Marketing (a partir das XXV Olimpíadas, 1992-Barcelona). Capitulo II III.Metodologia da Pesquisa Este capítulo vai abordar todas as actividades realizadas na pesquisa de acordo com os procedimentos apresentados em seguida. Para a concretização do presente trabalho passou-se por uma breve revisão de alguns estudos realizados sobre a temática como forma de esclarecer os passos a seguirem no decurso da nossa investigação. Foi nesta fase onde foi feita a selecção das variáveis de acordo com a pertinência do problema e o tipo de estudo, para se dar o seu devido prosseguimento. 3.1 Área e população do estudo Nesse estudo foram avaliados dez professores de futebol da cidade de Maputo e seus respectivos alunos. 3.2 Tipo de estudo O nosso trabalho foi um delineamento descritivo transversal. 3.3Amostra A a mostra dos professores foi intencional, sua caracterização feita pela idade, escolaridade e experiência profissional, obtida em quatro escolas de iniciação no futebol da cidade de Maputo num total de dez professores. O grupo de alunos participantes num total de 30, foi escolhido aleatoriamente, dentre as quais realizavam as aulas com os professores avaliados, com idade entre 7 e 13 anos. 3.4 Técnicas e Instrumento de recolha de dados a) Técnicas No nosso trabalho, as técnicas utilizadas foram a directa e indirecta. A técnica directa, consisti no estabelecimento do inquérito com vista a recolha de algumas informações sobre (idade, anos de experiencia, nível académico e local de residência). A técnica de análise documental indirecta foi feita através da recolha bibliográfica que tem como objectivo a recolha de abordagens já realizadas no âmbito da iniciação desportiva em futebol. b) Instrumento A colecta dos dados foi feita por meio de dois questionários específicos, um para os professores da escola de futebol e o outro para os alunos. O questionário submetido ao GP foi realizado para obter informações referentes a metodologia utilizada por eles, número de dias e horas de aula das crianças, a participação em competições e a metodologia utilizada aos treinos. O questionário submetido ao GA foi realizado para diagnosticar o interesse por escolherem a modalidade futebol, as influências que determinaram a escolha por essa modalidade e para saber se tiveram a oportunidade de vivenciar as diferentes posições de jogo, de conhecer outras modalidades desportivas e de participar de competições. 3.5 Procedimentos estatísticos A análise dos resultados foi feita de maneira descritiva. Os resultados foram expressos em valores absolutos e relativos. 3.6 Considerações éticas Para atender os objectivos do estudo, inicialmente foi estabelecido o contacto no sentido de se analisar nos professores e alunos como é a iniciação desportiva em futebol na Cidade de Maputo, com as Direcções das Escolas, no sentido de esclarecer a pertinência do estudo. Esclarecido a situação, apreciou-se o respectivo questionário. De seguida os professores e alunos foram convidados e posteriormente passados todas informações sobre o preenchimento do questionário, as instruções para o preenchimento do questionário fazem parte do seu cabeçalho e foram comentadas, as dúvidas dos professores e alunos foram esclarecidas antes de se iniciar o registo das respostas. Os professores e alunos responderam o questionário individualmente de modo a garantir a confidencialidade. Capitulo III IV.Fundamentação Teórica 4.1Importância do Treinamento na Iniciação Desportiva dos alunos De acordo com BARBANTI (1979), treinamento desportivo é um processo organizado de aperfeiçoamento, que é conduzido com base em princípios científicos, estimulando modificações funcionais e morfológicas no organismo, influindo significantemente na capacidade de rendimento do desportista. Ele serve para a manutenção, melhora ou recuperação da capacidade de rendimento e da saúde. O treinamento é um processo de muitos factores e não uma actividade que se possa fazer mecanicamente, e que se baseia no relacionamento humano, com pessoas de diferentes tipos e personalidades. Trabalha-se com um conjunto de situações bastante complexas, em que estão envolvidas de forma absolutamente decisiva as emoções humanas e as relações entre as pessoas. O treinamento é dividido em geral e específico. O treinamento geral é o treinamento multilateral, usando um fortalecimento harmonioso de todo o corpo, a aprendizagem de vários factores, de várias disciplinas, sempre com o objectivo de formação geral. O treinamento específico é a forma na qual se estabelece uma relação óptima entre os componentes determinantes do rendimento em uma modalidade desportiva. Com o treinamento específico se acelera o processo de adaptação física e psíquica do desportista, para cumprir as exigências das competições e dos jogos, define o preparo físico, técnico-táctico, intelectual, psíquico e moral do atleta através de exercícios físicos e desenvolvimento gradual (BARBANTI, 1979). A técnica é o conjunto de procedimentos e conhecimentos capazes de propiciar a execução de uma actividade específica, de complexidade variável, com o mínimo de desgaste e o máximo de sucesso. A preparação técnica é o conjunto de exercícios e ensinamentos que o atleta assimila, visando a execução do movimento desportivo com um máximo de eficiência e com um mínimo de esforço. Segundo BARBANTI (1979), a técnica é um processo de atitudes, movimentos e posições gerais do indivíduo, que se realizam com uma utilidade determinada. A preparação técnica objectiva aprender a técnica desportiva de forma racional. É um processo em longo prazo, sem interrupções e que deve ser sempre aperfeiçoada dependendo e muito da condição física. A táctica é a maneira de explorar ao máximo os pontos fracos do adversário, ao mesmo tempo em que se minimizam as nossas próprias deficiências. A preparação táctica é o conjunto de procedimentos que irá assegurar ao atleta ou à equipe a utilização dos princípios técnicos mais adequados a cada situação da competição ou do adversário. Consiste em achar o melhor meio para um indivíduo vencer uma competição ou atingir o melhor resultado. A preparação táctica depende da condição física e técnica (BARBANTI, 1979). A preparação física constitui-se pelos métodos e processos de treino, utilizados de forma sequencial em obediência aos princípios da periodização e que visam a levar o atleta ao ápice de sua forma física específica, a partir de uma base geral óptima. Visa o desenvolvimento das capacidades motoras principais: força, velocidade, resistência aeróbia, resistência anaeróbia, flexibilidade e habilidade. Ela tem dois aspectos: preparação física geral e preparação física especial. Na geral, se objectiva desenvolver o potencial do indivíduo no conjunto das qualidades física de base (trabalho generalizado). Na especial o objectivo é desenvolver as qualidades físicas particulares ao desporto ou disciplina praticada (BARBANTI, 1979). Somente submeter o homem à melhor preparação física, técnica e táctica não significa conduzi-lo ao máximo de suas possibilidades e é necessário propiciar ao atleta uma perfeita preparação psicológica. A preparação psicológica é a parte do treinamento desportivo que, considerando as características individuais hereditárias (genótipo) e a influência assimilada do meio (fenótipo), propiciará ao atleta suportar o treinamento e atingir o máximo de suas potencialidades através da mobilização de sua vontade. A preparação intelectual depende do nível intelectual do indivíduo, de sua motivação e de seu preparo físico. Todo atleta deveria estar psiquicamente preparado para o que vai realizar. Para isso devem estudar e observar os grandes campeões, os filmes, as fotos e as sequências fotográficas. De acordo com DANTAS (1998) o treinamento desportivo pode ser subdividido em quatro grandes etapas. A etapa de iniciação, de especialização, de alto rendimento e de manutenção. Etapa de iniciação ou formação básica (7-12 anos): visa a propiciar uma preparação geral a crianças em idade escolar e pré-escolar, enfatizando o treinamento da coordenação motora, da flexibilidade, da resistência muscular localizada e da capacidade aeróbia. Nesta etapa, procura-se dar à criança uma ampla gama de actividades desportivas para que ela, sob a observação do professor descubra o objecto de sua especialização futura. Devem-se enfatizar as actividades naturais com o intuito de propiciar experiências motoras de diversos tipos. Etapa de especialização ou aperfeiçoamento (12-18 anos): o jovem deve ser direccionado para uma área de actuação e não para uma modalidade desportiva. Inicia-se, então, uma periodização mais minuciosa do treinamento, com um lento e gradual processo de aumento do trabalho aplicado, para evitar sobrecarregar o organismo, já envolvido com o difícil processo do crescimento. O mais importante nessa etapa não é alcançar resultados, mas assegurar um perfeito e harmónico desenvolvimento, quando está assegurada a base para a futura obtenção de performances máximas. Etapa de performance ou alto rendimento (18-35 anos): abrange o período produtivo da vida do atleta. É nessa fase que ele se torna especialista numa posição, numa distância ou num estilo. Nessa fase a prática competitiva assume importância primordial. O atleta é levado aos seus limites extremos em termos técnicos, físicos e psicológicos, procura alcançar sempre performances crescentes. Etapa de manutenção (35-45 anos): a última etapa caracteriza-se pela perda da capacidade competitiva do atleta e tem um carácter eminentemente higiénico. Há um programa de preparação geral, visando a preservar, para a terceira idade que se avizinha, a saúde de seu organismo, submetido a tantas agressões durante o treinamento. 4.2 Metodologia de ensino do futebol para a Iniciação desportiva dos alunos Historicamente, de uma forma geral, o futebol cresceu muito, rompendo barreiras e se transformando em um fenómeno social grandioso que inclusive é objecto de estudo de outras áreas de conhecimento como, Sociologia, Antropologia, entre outras (NETO, 1995). De acordo com SANTOS (2006), na prática do futebol, a técnica consiste na execução de habilidades fundamentais do jogo, que podem ser aprimoradas quanto mais cedo pelas crianças para estas desenvolverem suas técnicas. Existem outros tipos de treinamentos para a iniciação de alunos, o aprimoramento e desenvolvimento da técnica: recepção, domínio e condução de bola; drible e finta; passe; chute; cabeceio; e goleiro. Os principais fundamentos são: Domínio, passe, drible, chute e cabeceio. O colectivo é considerado um excelente exercício de competição, pois oferece uma intensidade e um aprimoramento da técnica muito parecido de um jogo real de futebol. Para ser melhor aproveitado, o colectivo deve ser utilizado nos primeiros estágios de iniciação do futebol, pois a fixação dos elementos técnicos é essencial no processo de aprendizagem (SANTOS et al, 2006). De acordo com FREIRE (2003) o futebol é uma enorme brincadeira. Porque não aprender essa brincadeira com técnicas lúdicas e prazerosas? Ao contrário das formas tradicionais e mecanicistas. O jogo é a forma lúdica para a realização de aptos sem compromissos objectivos (SANTOS apud. SCAGLIA, 2006). O jogo em si demonstra ser um factor fundamental no processo de ensino-aprendizagem devido a sua função motivacional e é o melhor indicador da evolução dos atletas (SANTOS et al, 2006). Os jogos desportivos colectivos actualmente são ensinados basicamente através de três metodologias tradicionais que são fundamentalmente divergentes, resistentes e expressivas. Estes métodos são chamados de global, parcial, situacional e misto ou toda parte. O método global defende que o jogo se aprende jogando. Segundo GRECO (1998), o aluno entra em contacto com o jogo desde o início da aprendizagem suprindo seu desejo e motivação. Os elementos do jogo são aprendidos desde o início como aparecem no jogo, proporcionando diversas experiências condizentes com as situações reais e, também, intensificando as relações sociais do grupo. De acordo com GRAÇA e OLIVEIRA (1998), o método global dá muita importância à iniciativa individual e postula que os jogadores engajados nas acções dos jogos, confrontados com problemas concretos, descobrem por si sós as soluções técnicas e tácticas e, através de tentativas e erros, chegam experimentalmente a se equipar e se adaptar de maneira adequada ao método. A vantagem do método global é que o envolvimento do aluno com as actividades proporciona um elevado nível de motivação. Nesse método não existe uma análise das habilidades, não implica uma separação, uma divisão da habilidade nos seus elementos componentes. A desvantagem desse método, segundo a opinião de professores, é que há uma falta de direccionando das aulas e a aplicação do jogo propriamente ditam como características do método, ou seja, não existe possibilidade de o aluno aprender a jogar sem nenhum tipo de interferência do professor (MESQUITA, 2000). O método parcial é caracterizado pela fragmentação do jogo em elementos técnicos, tácticos e de treinamento (condicionamento físico). Este método possibilita um treino motor correcto e profundo, sendo o processo de aprendizagem dividido em etapas que facilitam a aprendizagem do aluno, não excluindo o menos habilidoso (DIETRICH, 1984). O método parcial ou analítico se caracteriza por apresentar cursos de exercícios onde os elementos técnicos são oferecidos através de séries de exercícios e formas rudimentares da modalidade desportiva (GRECO, 2001). A correcção dos movimentos e a avaliação da aprendizagem são facilmente aplicadas e há poucas situações de conflitos entre os alunos. Porém, a exclusão do jogo torna a aula monótona e desmotivante, e há a exigência de muitos materiais para sua elaboração. O método situacional, também denominado de situacional-cognitivo, é caracterizado pela prática de situações de jogo semi-estruturadas (jogadas básicas extraídas do jogo), que envolvem comportamentos individuais e colectivos (GRECO, 1998; GRECO e CHAGAS, 1992). De acordo com GRECO (1998), essas situações ou estruturas funcionais possibilitam ao aprendiz o confronto com situações reais de jogo. Portanto, visualiza-se a possibilidade de concretizar situações de jogo através da prática de diferentes estruturas funcionais. O método misto ou toda parte, segundo ROCHEFORT (1998), é a síntese do método global e parcial. Nesse método, a técnica é aplicada de forma separada, e quando se atingir um nível adequado executa-se o jogo por completo. Há a realização das séries de jogos, situações bem próximas das do jogo propriamente dito. GRECO (2001) preconiza o conceito recreativo do jogo desportivo, onde está contemplada uma metodologia mista, caracterizada pelas diversas experiências de jogo, e a aprendizagem da técnica. Segundo GARGANTA (1998), uma das vantagens dessa abordagem é que, quando se conhecem as estruturas de jogo de uma modalidade desportiva, a aprendizagem poderá ser facilitada quando o aluno desejar aprender outra modalidade. Outra vantagem, de acordo com GRAÇA e MESQUITA (2002), é que situações de aprendizagem estruturadas poderiam facilitar o desempenho, através da implantação dos jogos reduzidos. Portanto, todos estes métodos são úteis para a iniciação desportiva dos alunos para adquirirem a eficiência e eficácia desportivas. 4.3 A Importância da Iniciação desportiva dos alunos no futebol A iniciação desportiva é o período em que a criança inicia a prática regular e orientada de uma ou mais modalidades desportivas, sendo que o objectivo imediato é dar continuidade ao seu desenvolvimento de forma integral, não implicando em competições regulares. Outro foco principal na iniciação é fazer com que a criança desenvolva várias habilidades motoras (INCARBONE, 1990). A iniciação deve ocorrer por volta dos 11 anos de idade (PINI, 1983), e tem como objectivo construir uma base orgânico e funcional, habilidades gerais, que permitem no futuro, a aplicação da etapa seguinte de especialização desportiva. Nessa fase é importante adquirir capacidades e aprender habilidades motoras gerais, que ajudarão a desenvolver as habilidades específicas das modalidades desportivas. Durante o processo de iniciação desportiva é utilizado o treinamento generalizado, com o objectivo de promover à criança uma variedade de habilidades motoras que irão promover um conhecimento amplo das capacidades funcionais para as suas necessidades individuais na fase posterior que é da especialização desportiva (GRECO, 1998). A iniciação desportiva deve ocorrer o mais precocemente possível, pois a prática do desporto desde a iniciação poderá proporcionar à criança inúmeros benefícios (TANI, 2006). A prática de desporto é essencial para uma melhor qualidade de vida. Assim como o conhecimento faz diferença no mundo em que vivemos, o movimento está em nossas vidas como uma necessidade vital do ser humano. Para as crianças e adolescentes o desporto proporciona momentos de aprendizagem. Ao praticar um desporto expressamos sentimentos, crenças, valores, enfim, nosso modo de sentir e perceber o mundo, proporcionado assim um impacto positivo sobre a educação. Os desportos colectivos e individuais auxiliam a formação de conceitos básicos de cidadania, ou seja, os aspectos afectivos, sociais, cognitivos, culturais e biológicos do desporto muito contribuem para questionamento de situações e problemas. A prática de desporto auxilia na construção da convivência do indivíduo com a sociedade e também na aprendizagem da técnica desportiva. Na infância e adolescência poderá gerar os conflitos no grupo, e os mesmos estarão sendo expressos em forma de desabafos, brigas, choros etc. Por isso é importante a prática de algum desporto para ajudar na formação e convivência deste jovem em uma sociedade. No entanto, sabemos que na adolescência os benefícios da prática de actividades físicas, muitas vezes, são substituídos por lesões, problemas nos ossos e nos músculos devido à forma muito intensa com que muitos jovens passam a se exercitar. Nessa fase, os adolescentes praticam desportos populares de alto impacto, como futebol, voleibol, basquete e musculação de forma exagerada e inadequada em muitos casos, e por isso precisam ter precaução. Já para os adultos a prática de desporto pode reduzir consideravelmente os riscos de doenças, além de contribuir para uma melhor formação do corpo. Ou seja, para os adultos o desporto está muitas vezes ligado na relação saúde e bem-estar. É fato que muitos buscam no desporto o corpo perfeito, já outros acreditam que os desportos são as melhores opções para a manutenção de uma vida relativamente saudável. No entanto, muitos desejam ter resultados rápidos e por isso fazem os exercícios de forma agressiva. Especialistas da área afirmam que a melhor forma de se obter bons resultados através de actividades físicas e no desporto é praticar com o máximo de moderação. Os melhores resultados vêm através de uma actividade regular e, principalmente, moderada. Portanto, o desporto e a actividade física são actividades fundamentais para uma vida longa e saudável. O desporto promove a saúde e o bem-estar, estendendo a expectativa de vida e reduzindo a probabilidade de acometimento de diversas doenças, principalmente aquelas relacionadas ao sedentarismo. Enfim, a prática desporto ajuda a formar um mundo melhor, com tudo de bom que ele nos traz, como saúde, auto-estima, espírito de equipa, objectivos, entre outros atributos que são desenvolvidos durante ao longo da vida. 4.4 O Significado da iniciação desportiva dos alunos no futebol Para aprender a jogar um desporto qualquer, uma criança deve ter a oportunidade de experimentar um número grande de situações. Cada situação dessas será responsável pela abertura de um grande número de possibilidades, sendo que, cada possibilidade dessas, quando for experimentada, poderá abrir outras tantas. Ao final de um longo processo, o acervo de possibilidades motoras, intelectuais, sociais, morais, e assim por diante, disponível no jovem que se formou nesse desporto, será imensamente mais amplo que no jovem formado em uma equipe ou escolinha que lhe impôs um sistema de super especialização (FREIRE, 2002). O primeiro factor a ser considerado são as fases de desenvolvimento físico da criança. Existe uma série de transformações ou mudanças da estrutura física da criança na faixa de idade da iniciação no futebol, compreendida nas chamadas categorias menores de 07 á 13 anos de idade. Conforme Figura 1, hoje, o futebol é dividido em categorias por idade cronológica, desde as chamadas categorias menores (fraldinha, dentinho, dente de leite): É importante considerar, na iniciação desportiva, a idade biológica, o nível de coordenação motora e o grau de inteligência para a elaboração das actividades a serem desenvolvidas pela criança, a fim de contribuir com o maior número de vivências motoras possíveis. Na formação de base, todas as coisas devem ser aprendidas por experiências as mais diversificadas possíveis (FREIRE, 2002). Haveria outro caminho a seguir no desenvolvimento desporto que não esse percorrido tradicionalmente, que inclui, nos casos extremos, especialização precoce, contusões, limitações da inteligência, excessos de treinamento? Claro que há, e foi seguido por vários excepcionais atletas do futebol, entre eles, Garrincha, Pelé e Maradona, que aprenderam enquanto brincavam, como qualquer criança de vida normal. Fossem nossos técnicos desportivos melhores observadores, encontrariam nesses fenômenos desporto a orientação mais segura para suas pedagogias (FREIRE, 2002). A prática do futebol, na iniciação desportiva, se manifesta através do jogo, nas diversas manifestações lúdicas que podem ser instituídas na aprendizagem do futebol. O jogador de qualidade é aquele que vivencia um número enorme de possibilidades e, para cada situação do jogo, ele encontra a melhor. O jogador de hoje tem poucas possibilidades, imposta por rotinas exaustivas e limitadas, portanto, formando um jogador de pouca qualidade, o que torna o jogo de menor qualidade com movimentos estereotipados, sem qualidade. Por isso, estamos cada vez mais frequentemente vendo jogadores de baixo nível técnico e equipes de péssima qualidade. a) Aspectos físicos a ter em conta na iniciação desportiva dos alunos NEGRÃO (1980) alerta para os danos físicos que podem ser ocasionados pelo desporto altamente competitivo praticado em idade precoce. O trabalho muscular intenso excessivo, associado a sobrecarga emocional que a competição provoca, pode ocasionar perturbações no desenvolvimento normal da criança, principalmente no ritmo do crescimento em altura e no desenvolvimento somático, funcional e intelectual. O desporto competitivo implica treinamentos específicos de cada modalidade, o que poucas vezes vem ao encontro das necessidades fisiológicas da criança. Para NEGRÃO (1980), crianças só podem suportar esforços reduzidos, fisiologistas renomados, são unânimes em afirmar a importância de treinamento aeróbico para crianças. NAHAS (1980) salienta ainda que, quando a intensidade e a frequência das actividades competitivas são grandes e extrapola o ambiente escolar e grupal, exigindo da criança um grau de especialização incomum para a idade em que se encontra, passam a existir dúvidas consideráveis sobre se os benefícios para um desenvolvimento óptimo são importantes bastante para se desprezarem os perigos de lesões e traumas psicológicos (às vezes irreparáveis) . Um programa para iniciação desportiva, através do futebol, deve ser regular, equilibrado, voluntário, e agradável, de modo a dar atenção especial às necessidades, potencialidades e aspirações da criança. O futebol é um desporto muito complexo, por isso é muito importante que a criança, nos níveis de idade Fraldinha, Dentinho e Dente, tenha uma formação básica, desenvolvendo as habilidades físico-mentais: consciência corporal, coordenação, flexibilidade, ritma, agilidade, equilíbrio, percepção espaço-temporal e descontração. 4.5 Treinamento Físico ao Nível de Idade na Iniciação desportiva com alunos: a) Fraldinha (7-8-9 anos): desenvolvimento da psicomotricidade Objectivos: • Formar o esquema corporal; • Trabalhar com actividades naturais e recreativas. Actividades: • Desenvolver conhecimentos de espaço-temporal, lateralidade e domínio; • Desenvolver noções de tamanho, peso, altura, direcção, profundidade e velocidade; • Ritmo. b) Dentinho (9-10-11 anos): a melhor fase para aprendizagem motora Objectivos: • Aperfeiçoamento dos movimentos em geral; • Movimentos naturais ritmados. Actividades: • Dinâmicas e sem formalidades com técnicas simples e com grandes variedades de exercícios; • Incorporar as técnicas motoras; • Desenvolver a criatividade. c) Dente de Leite (11-12-13 anos): forma pré-desportiva, fundamentos desportivos, período de formação motora específica e, formação física de base: formação corporal, educativa de corrida, rendimento, criatividade e formação física técnica Objectivos: • Formação física de base; • Fundamentos desportivos. Actividades: • Exercícios com deslocamento utilizando bolas; • Desenvolver destrezas técnicas. b) Aspectos técnicos durante a Iniciação desportiva com alunos A técnica é uma particularidade do desporto. É uma acção motora perfeita que proporciona o maior nível de desempenho no atleta da forma mais objectiva e económica possível. A técnica é comum a todos os atletas, e formada pelos fundamentos do desporto. No caso, o futebol é muito complexo e, por isso, necessita de uma aprendizagem motora adequada e habilidades específicas, o que, por sua vez, necessita de um acervo motor altamente qualificado. Na iniciação desportiva é fundamental falarmos primeiramente em aprendizagem dos movimentos (componentes motores básicos), mais especificamente, em psicomotricidade e, mais tarde, em desenvolvimento técnico (elementos técnicos). Ainda referindo-se ao trabalho do aspecto técnico na iniciação desportiva, LUCENA (1998), comenta que, "[...] através da aquisição de bons hábitos motores, e do domínio de técnicas elementares, é que se fundamenta progressivamente o desenvolvimento técnico da criança". Poucos professores, nesse nível, são capazes de ir além do exaustivo exercício de repetir interminavelmente gestos absolutamente descolados do contexto do jogo. Outras modalidades, como o futebol, recrutam seus quadros entre os jovens que aprenderam, nas brincadeiras, a dominar a arte desse desporto (FREIRE, 2002). É o conjunto de fundamentos básicos que diferencia o futebol dos demais desporto, cuja peculiaridade está principalmente, no uso dos pés e pernas para executar as acções básicas para defender, atacar e marcar golos, entre outras partes do corpo. A metodologia deve ser baseada na variação dos exercícios a serem ministrados de acordo com o nível de idade (fraldinha, dentinho e dente), devendo ser programada quanto à complexidade, intensidade e duração. Nestes níveis de idade, os trabalhos técnicos devem ser formados por acções básicas, não visando a técnica propriamente dita, sem o aperfeiçoamento e sim, objectivando a aprendizagem dos movimentos. "[...] desportistas com melhor treinamento em coordenação aprendem uma técnica desportiva mais rapidamente do que aqueles cujo repertório de movimentos é limitado e cuja coordenação é deficiente" (WEINECK, 1999, p.539). Ainda segundo o mesmo autor, o treinamento das capacidades coordenativas relaciona-se em muitos pontos com o treinamento da técnica e com seus requisitos imediatos. 4.6Treinamento Técnico ao Nível de Idade: a) Fraldinha (5-6-7 anos): • Aquisição de novos movimentos (ampliação do repertório motor). b) Dentinho (8-9-10 anos): • Melhor fase para a aprendizagem motora; • Capacidade de ampliação do repertório de movimentos; • Variado e pouco direccionado para um maior desenvolvimento técnico. c)Dente de Leite (11-12-13 anos): • Favorável para o ensino da técnica geral e para a instrução básica. c) Aspectos tácticos durante a Iniciação desportiva com alunos O ensino e o desenvolvimento da táctica e da técnica requerem uma grande capacidade intelectual do atleta. A eficácia da táctica, especificamente, depende da capacidade de percepção, antecipação e tomada de decisão, o que reflecte a capacidade táctica e experiência motora do atleta. Segundo WEINECK (1999), a táctica desportiva é baseada sobre a capacidade cognitiva, técnica adquirida e capacidade psicofísica e direccionada para um comportamento ideal em competições, mobilizando todo o potencial individual. É comum esquecermos que o desempenho desportivo também se relaciona aos processos cognitivos, emocionais e à vontade. O treinamento da táctica não deve ser prioridade e nem enfatizado na formação desportiva na infância. Nesta fase, deve-se priorizar e ensinar a táctica através de jogos. O desenvolvimento da táctica não se dá através de um treinamento complexo e sistemático, e sim, nas acções do jogo que se justifica a importância do comportamento táctico do jogador para o rendimento desportivo, constituindo-se nas inter-relações dos factores do jogo: espaço, tempo, situação, cooperação, oposição e bola. O desenvolvimento intelectual e técnico na formação desportiva está propício para informações básicas e para uma táctica geral. Os alunos de uma escola de futebol devem receber também formação teórica, obedecendo ao seguinte critério: quanto menos idade tiver o aluno, menos teoria; quanto mais idade, mais teoria (FREIRE, 2003). O treinamento desportivo na infância deve ser baseado no desenvolvimento intelectual, técnico e físico do indivíduo, e acompanhado de um aprendizado táctico e motor adequado, isto é, os iniciantes devem ser estimulados a perceber as informações relevantes da situação, a fim de decidirem correctamente que gesto motor executar em cada situação. Sendo assim, é preciso que os iniciantes sejam capazes de executarem esquemas tácticos de forma consciente com autonomia e criatividade. De acordo com GRECO e BENDA (2001), as capacidades tácticas estão em directa relação de interdependência e em interacção com as capacidades cognitivas, técnicas e físicas. A táctica está directamente relacionada aos aspectos físicos, técnicos e psicológicos, e por este motivo estes aspectos estão aqui sendo citados em uma ordem pedagógica. A táctica depende de 3 aspectos: posição, função e característica do jogador. Esta estritamente correlacionada ao desenvolvimento cognitivo, ou seja, a inteligência do jogador (percepção). 4.7 Treinamento Táctico ao Nível de Idade em Iniciação desportiva com alunos: a) Fraldinha (5-6-7 anos): • Não há posicionamentos definidos; • Noções básicas de espaços do campo (defesa, meio e ataque). b) Dentinho (8-9-10 anos): • Posições específicas do futebol (forma de rodízio); • Reconhecer os espaços do campo. c)Dente de Leite (11-12-13 anos): • Definir posições; • Fase inicial da preparação táctica 4.8 Especialização desportiva na Iniciação dos alunos A especialização desportiva tem como características o desenvolvimento de capacidades físicas, habilidades técnicas e tácticas, onde o objectivo é a performance e a participação em competições regulares. A especialização desportiva compreende o treinamento das habilidades e capacidades específicas, dos planos tácticos e que é pré-requisito para se alcançar o alto rendimento que caracterizam cada modalidade (ARENA e BOHME, 2000). O treinamento é aumentado gradativamente, sob controle sistemático de testes funcionais para acompanhar a evolução orgânica e funcional do jovem até a obtenção de resultados técnicos significantes. Segundo PINI (1983) a idade de especialização deve iniciar por volta dos 15 anos de idade, enquanto para SANTANA (1998) a idade indicada é entre 12 e 14 anos. Nessa fase o adolescente já atingiu ou está atingindo seu desenvolvimento biológico e psicológico para suportar melhor a carga de treinamento. Nesta etapa, o treinamento começa a visar o rendimento, um direccionamento gradual para as particularidades do desporto. No caso específico do futebol, devido a sua identidade com a cultura brasileira e a grande importância dada ao futebol em nossa sociedade, a prática do futebol é sempre estimulada em nossos jovens. No Brasil, o futebol é um fenómeno cultural que supera amplamente as linhas do campo de jogo, ritualizando questões simbólicas profundas acerca da nossa sociedade. O brasileiro já nasce torcendo por uma equipa de futebol. No entanto, muitas vezes, o estímulo a pratica do futebol e a cobrança em fazer a criança se tornar um jogador de futebol profissional são exacerbados. Esse estímulo inicial começa em casa, na escola, na rua ou consigo mesmo. De acordo com ARENA e BOHME (2000), a especialização no futebol e futsal começam por volta dos 13 anos de idade, enquanto em outros desportos, por exemplo, o basquetebol, voleibol e o handebol, começam por volta dos 9-10 anos de idade. Já nos desportos individuais, como o judô, a ginástica olímpica e a natação, as idades de especialização são por volta dos 7-8 anos de idades, ou seja, não existe um padrão, uma idade certa para se especializar, cada modalidade tem suas especificidades. A especialização desportiva em uma modalidade deve respeitar alguns balizadores cada vez mais científicos, compatibilizando a proposta pedagógica com as características da criança e suas fases sensíveis à aquisição das habilidades específicas (TANI, 2006). 4.9 Como ocorre a Especialização precoce? A especialização precoce ocorre quando o treino acontece antes da idade ideal, e não quando a criança inicia o desporto (MARQUES, 1991). O que vai determinar uma prática precoce são os conteúdos dados pelo professor à criança que, naquele momento, não está preparada para recebê-los. O treinamento especializado precoce no desporto acontece quando crianças são introduzidas, antes da fase pubertária, a um processo de treinamento planejado e organizado em longo prazo e que se efectiva em pelo menos três sessões semanais, com o objectivo do gradual aumento do rendimento, além, de participação periódica em competições desportivas. Segundo MARQUES (1991) especializar precocemente uma criança é submetê-la a treinamentos em três ou mais vez por semana, com duas ou mais horas por sessões para crianças com menos de 12 anos de idade, visando rendimento em competições que se seguem com uma frequência relativamente alta. À medida que o professor ignora os procedimentos e conteúdos correctos à iniciação, ele tende a incorrer em programas e métodos de preparação especializados, que é especialização desportiva precoce. A preparação desportiva precoce dos jovens talentos é feita no sentido de potenciar a sua formação para obter resultados num determinado desporto de forma mais rápida. Não há o desenvolvimento multilateral e sim o unilateral, onde o jovem não tem a possibilidade de desenvolver uma variedade de habilidades. Desde cedo, ainda na idade de iniciação, a criança que participa de uma determinada modalidade desportiva, para especializar-se, pode ser prejudicada em seu desenvolvimento integral (KUNZ, 1994). Segundo KOWALSKI (1985) os prejuízos que podem ser observados em relação à prática da especialização desportiva precoce, vã desde riscos à integridade física e psicológica, até ao desenvolvimento motor e desportivo. Umas das consequências da especialização precoce são: abandono da modalidade sem motivo justificável causa uma exaustão pelos esforços físicos, não tem tempo para mais nada, deixando de lado os afazeres sociais, escola, amigos, lazer e família, lesões sofridas por sobrecarga de treinamento, falta de motivação e excessiva ênfase na vitória. 4.10 A Importância da prática do desporto A prática de desporto é essencial para uma melhor qualidade de vida. Assim como o conhecimento faz diferença no mundo em que vivemos, o movimento está em nossas vidas como uma necessidade vital do ser humano. Para as crianças e adolescentes o desporto proporciona momentos de aprendizagem. Ao praticar um desporto expressamos sentimentos, crenças, valores, enfim, nosso modo de sentir e perceber o mundo, proporcionado assim um impacto positivo sobre a educação. Os desportos colectivos e individuais auxiliam a formação de conceitos básicos de cidadania, ou seja, os aspectos afectivos, sociais, cognitivos, culturais e biológicos do desporto muito contribuem para questionamento de situações e problemas. A prática de desporto auxilia na construção da convivência do indivíduo com a sociedade e também na aprendizagem da técnica desportiva. Na infância e adolescência poderá gerar os conflitos no grupo, e os mesmos estarão sendo expressos em forma de desabafos, brigas, choros etc. Por isso é importante a prática de algum desporto para ajudar na formação e convivência deste jovem em uma sociedade. No entanto, sabemos que na adolescência os benefícios da prática de actividades físicas, muitas vezes, são substituídos por lesões, problemas nos ossos e nos músculos devido à forma muito intensa com que muitos jovens passam a se exercitar. Nessa fase, os adolescentes praticam desportos populares de alto impacto, como futebol, voleibol, basquete e musculação de forma exagerada e inadequada em muitos casos, e por isso precisam ter precaução. Já para os adultos a prática de desporto pode reduzir consideravelmente os riscos de doenças, além de contribuir para uma melhor formação do corpo. Ou seja, para os adultos o desporto está muitas vezes ligado na relação saúde e bem-estar. É fato que muitos buscam no desporto o corpo perfeito, já outros acreditam que os desportos são as melhores opções para a manutenção de uma vida relativamente saudável. No entanto, muitos desejam ter resultados rápidos e por isso fazem os exercícios de forma agressiva. Especialistas da área afirmam que a melhor forma de se obter bons resultados através de actividades físicas e no desporto é praticar com o máximo de moderação. Os melhores resultados vêm através de uma actividade regular e, principalmente, moderada. Portanto, o desporto e a actividade física são actividades fundamentais para uma vida longa e saudável. O desporto promove a saúde e o bem-estar, estendendo a expectativa de vida e reduzindo a probabilidade de acometimento de diversas doenças, principalmente aquelas relacionadas ao sedentarismo. Enfim, a prática desporto ajuda a formar um mundo melhor, com tudo de bom que ele nos traz, como saúde, auto-estima, espírito de equipa, objectivos, entre outros atributos que são desenvolvidos durante ao longo da vida. 4.11 Crescimento, Desenvolvimento e Maturação De acordo com FILHO e TOURINHO (1998), crescimento é a mudança normal na quantidade de substância viva, resulta de processos biológicos por meio dos quais a matéria viva normalmente se torna maior. É o aspecto quantitativo do desenvolvimento biológico, é medido em unidades de tempo, como, por exemplo, centímetros por ano, gramas por dia. Durante o crescimento são observadas mudanças de dimensão que resultam em aumento ou diminuição de tamanho e variação de forma e/ou proporção. O desenvolvimento é um processo de mudanças graduais, de um nível simples para um mais complexo, dos aspectos físicos, mentais e emocionais pelo qual todo ser humano passa, desde a concepção até a morte. O desenvolvimento é um processo contínuo, incluindo todas as dimensões inter-relacionadas de nossa existência. A maturação é a estabilização do estado adulto efectuado pelo crescimento e desenvolvimento. São mudanças qualitativas que capacitam o organismo a progredir para níveis mais altos de funcionamento e que, vista sob uma perspectiva biológica, é geneticamente determinada e resistente à influência do meio ambiente. A maturação é caracterizada por uma ordem fixa de progressão, na qual o ritmo pode variar, mas a sequência do surgimento das características geralmente não varia. Outro aspecto que deve ser considerado na questão do crescimento e desenvolvimento são as idades cronológicas e biológicas. A idade cronológica, segundo FILHO e TOURINHO (1998), é a idade determinada pela diferença entre um dado dia e o dia do nascimento do indivíduo. É classificada em vida pré-natal (concepção a oito semanas de nascimento), primeira infância (um mês a 24 meses do nascimento), segunda infância (24 meses a 10 anos), adolescência (10-11 anos a 20 anos), adulta jovem (20 a 24 anos), adulta de meia-idade (40 a 60 anos) e adulto mais velho (acima de 60 anos). A idade biológica corresponde à idade determinada pelo nível de maturação dos diversos órgãos que compõem o homem, ou seja, é caracterizada pelo desenvolvimento fisiológico do organismo. A determinação da idade biológica pode ser efectuada por meio da avaliação das idades mental, óssea, morfológica, neurológica, dental e sexual. A criança ou jovem, considerados isoladamente, são diferentes uns dos outros com desenvolvimento físico e capacidade funcional diferentes. Por isso, a avaliação de cada, indivíduo não deve ser feita de acordo com a idade cronológica, mas sim em função do seu desenvolvimento geral e, principalmente, da idade biológica. A idade cronológica, com relação a peso-estatura e o crescimento somático precoce, não devem ser utilizados para a determinação da idade de iniciação/especialização. 4.12 As fases do desenvolvimento cognitivo De acordo com PIAGET apud GALLAHUE e OZMUN (2005), o desenvolvimento da criança, divide-se, basicamente, em quatros estados, chamados de fases de transição. Essas quatro fases são. Sensório-motor (0 – 2 anos): é o período no qual as crianças aprendem a diferenciar-se dos objectos e de outras pessoas. A actividade motora é essencial porque a criança aprende por meio de suas interacções físicas com o mundo. Na fase sensório-motora de desenvolvimento, as principais tarefas do desenvolvimento do bebé são a coordenação das acções ou das actividades motoras e suas percepções de um todo bastante ténue. A fase sensório-motora é composta de vários estágios sobrepostos: uso de reflexos (do nascimento até 1 mês); reacções circulares primárias (de 1 a 3 meses); reacções circulares secundárias (de 3 a 9 meses); a aplicação da esquematização secundária a novas situações (de 8 a 12 meses); reacções circulares terciárias (de 12 a 18 meses) e invenção de novos meios pelas combinações mentais (12 a 24 meses). Pré-operacional (2 a 7 anos): nessa fase, os primeiros princípios reais de cognição ocorrem. A criança ainda não é capaz de manipular objectos mentalmente e deve apoiar-se na actividade física para fazê-lo. Além disso, a fase do pensamento pré-operacional é um período de transição de um comportamento direccionado para a auto-satisfação para um comportamento socializado rudimentar nas crianças pequenas. Elas tentam ajustar novas experiências a padrões anteriores de pensamento. A pesquisa contínua do mundo do indivíduo é desenvolvida, porém, a criança conhece o mundo somente como ela o vê. Nesta fase, a ênfase no “por quê” e no “como” torna-se uma ferramenta básica para que a adaptação ocorra. A linguagem começa a substituir a actividade sensório-motora como processo facilitador básico de aprendizagem e como maneira favorita de expressar os pensamentos. A criança julga os objectos de acordo com sua aparência externa, independentemente de seu objectivo lógico, como resultado. Ela reage aos aspectos qualitativos de um evento ou aos seus aspectos quantitativos, mas não a ambos simultaneamente. Nessa fase, de acordo com PIAGET, a criança é egocêntrica em seu relacionamento com o mundo, ao invés de autista (sem relacionamento), como na fase sensório-motora. A ampliação do interesse social por seu mundo é característica da fase de pensamento pré-operacional da criança, como resultado, o egocentrismo é reduzido e a participação social aumenta. Operações concretas (7 – 11 anos): a criança conscientiza-se das soluções alternativas, usa regras no raciocínio e é capaz de diferenciar entre aparência e realidade. Esta fase é chamada de concreta, porque as acções mentais da criança, isto é, operações, ainda estão conectadas a objectos concretos. O conceito de reversibilidade estabelece-se nesta fase. A reversibilidade refere-se à capacidade de compreender que qualquer alteração de forma, ordem, posição, número e assim por diante pode ser mentalmente revertida e voltar à sua forma, ordem, posição ou número original. A reversibilidade torna a criança capaz de relacionar um evento ou um pensamento a um sistema total de partes inter-relacionadas e considerar o evento ou pensamento desde o início até o final, ou desde o final até o início. Essa forma de raciocínio aumenta a capacidade mental da criança para ordenar e relacionar experiências em um todo organizado. Nessa fase, as percepções são mais precisas, e a criança aplica a interpretação dessas percepções ambientais sabidamente. A criança usa a brincadeira nesta fase para compreender seu mundo físico e social. Regras e regulamentos são de interesse da criança quando aplicadas às brincadeiras. As brincadeiras, todavia, perdem suas características assimiladoras e tornam-se um processo subordinado equilibrado de pensamento cognitivo. A curiosidade encontra expressão na experimentação intelectual e não apenas nas brincadeiras activas. Operações-formais (11 anos em diante): a infância termina e a juventude começa à medida que o indivíduo entra no mundo das ideias. Nesta fase do desenvolvimento cognitivo, surge uma abordagem sistemática para a solução de problemas. A dedução lógica por meio da implicação desenvolve-se, e o indivíduo é capaz de raciocinar verticalmente, isto é, além do momento presente. Neste nível, o indivíduo consegue sonhar e não necessita da realidade concreta. A dedução por meio da hipótese e o julgamento por meio da implicação tornam o indivíduo capaz de raciocinar além de causas e de efeitos. 4.13 Conhecimentos indispensáveis como base para o ensino dos desportos Os conhecimentos aqui apresentados são de extrema importância. Aquele que os dominar plenamente não terá dúvidas quanto à organização das actividades de ensino dos desportos São informações que deverão oportunizar maior eficiência na prática pedagógica do professor no seu dia-a-dia, quer seja na abordagem dos alunos, quer seja na elaboração e organização do planeamento das aulas. Na verdade, conhecer os fundamentos técnicos, tácticos, sistemas e a prática das modalidades desportivas, não chega a perfazer uma fracção muito significativa dos conteúdos ou conhecimentos indispensáveis para o ensino dos desportos. Quando se tala em ensino, parece que tudo é infinito, isto é, os processos pedagógicos são sempre muito amplos e cheios de alternativas. Muitas são as ciências que podem estar presentes em uma aula: psicologia, pedagogia, fisiologia, biologia, sociologia, etc. Como não cabe aqui abordar todas essas ciências, mencionamos aquelas que julgamos indispensáveis para o ensino dos desportos e que deverão ser dominadas pelos professores de Educação Física quando forem pôr em acção tais conteúdos. 4.14 Princípios básicos que deverão ser considerados no planeamento das aulas sobre desporto Planeamento, consoante FERREIRA (1986), é o trabalho de preparação para qualquer empreendimento segundo roteiro e métodos determinados, planificação com objectivos definidos. Para LIBÂNEO (2002), é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das actividades quanto a sua revisão e adequação no processo de ensino. Além disso, trata-se de um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação. Planejar refere-se ao objectivo ou os objectivos que deverão ser atingidos, bem como os recursos e como estes poderão ser medidos ou avaliados, VASCONCELLOS (1995) afirma que planejar é antecipar uma acção a ser realizada. Ao frisar a importância do planeamento no ensino da educação física e dos desportos, HILDEBRANDTe LAGING (1994) dizem que mesmo quando os alunos tomam parte das decisões em relação aos objectivos, conteúdos e maneira de acontecer e praticar as aulas, "O ensino da educação física jamais é sem planeamento e sem objectivo, pelo contrário: ele necessita de planeamento". A fim de que o planeamento das aulas de desportos seja bem-elaborado, citam-se alguns dos princípios básicos a serem considerados: a)Conhecimento da realidade, das suas exigências, necessidades e tendências; b) Definição dos objectivos, que devem ser claros e significativos; c) Determinação de meios e recursos possíveis, viáveis e disponíveis; d) Estabelecimento de créditos e princípios de avaliação do processo de ensino e de aprendizagem; e) Estabelecimento de prazos e de etapas para sua execução; f) Revisão constante, possibilitando o acompanhamento dos agentes envolvidos; g) Sentimento de colectividade, porque todos os envolvidos deve participar activamente das propostas a serem realizadas e de seu redimensionamento permanente. 4.15 Elementos indispensáveis em um bom plano de ensino das aulas de desportos De acordo com LIBÂNEO (2002), cabe ao professor, em última instância, escolher os conteúdos - habilidades, conhecimentos e valores - e os métodos e procedimentos didático-pedagógicos com fins de viabilizar o processo de transmissão-assimilação deconteúdos. Conforme esse autor, o professor tem três fontes a partir das quais irá organizar suas aulas: a programação oficial de cada matéria; os próprios conteúdos da matéria e, finalmente, as exigências teóricas e práticas colocadas pela prática de vida dos alunos. Dessa maneira, apoiados na terceira fonte de que o professor pode lançar mão, consoante a sugestão de LIBÂNEO (2002), entendemos que a sondagem é o processo de investigação ou pesquisa da realidade para, a partir da situação investigada, pensar e preparar uma acção cada vez mais consciente e real. Para ilustrar esse entendimento, perguntamos: como praticar a sondagem nos alunos? Exemplificando, inicialmente poderá ser dividido o grande grupo em dois, três ou mais pequenos grupos. A partir dessa divisão, quando serão formados os grupos "a", "b", "c" ou mais, conforme o tamanho da turma sondada, será então determinado que o primeiro grupo deverá executar, por exemplo, a condução da bola de futebol por marcações na quadra, como sobre as linhas das áreas dos goleiros, linhas de fundo ou linhas limítrofes laterais. Após dois a cinco minutos, seguirá outro subgrupo, até que todos tenham efetuado o exercício. O que aconteceu nessa simples actividade foi uma sondagem. Enquanto um grupo conduzia a bola, os demais observavam. Em seguida, há uma pequena reunião para que haja um consenso ou parecer em torno das realidades analisadas. A partir daí, poderá ser pensada ou preparada uma aula sobre o desporto que foi sondado (neste caso o futebol) com o conteúdo de condução e, o mais importante, de forma consciente e mais próximo à realidade dos praticantes. Objectivos: o quê? Para quê? Os objectivos antecipam resultados e processos esperados do trabalho conjunto do professor e dos alunos (LIBÂNEO, 2002). Nesse sentido, trata-se do desempenho a ser demonstrado pelos alunos em resposta às práticas dos fundamentos técnicos (no caso dos desportos aqui abordados). Resumidamente, ao redigir os objectivos o professor estará descrevendo os conhecimentos que deverão ser desenvolvidos, isto é, expressar o que os alunos deverão aprender. Para LIBÂNEO (2002), existem dois níveis de objectivos educacionais: os objectivos gerais, que expressam propósitos mais amplos, isto é, representam uma hipótese em torno da aprendizagem, que posteriormente poderão auxiliar o professor a convertê-los em objectivos específicos, e os objectivos específicos, que indicam comportamentos mais fáceis de dimensionar, de observar e de avaliar e que, consoante LIBÂNEO (2002), devem estar vinculados aos objectivos gerais. Exemplo: aproveitando o exercício de condução, anteriormente mencionado, pode-se objectivar que, decorridos determinados números de aulas, os alunos poderão demonstrar ou apresentar menos resistência (dificuldades) em conduzir a bola de futebol em ziguezague, entre cones, ou conduzi-la de costas com o solado do pé. Isso para que, ao enfrentarem os aspectos mais complexos de um jogo (adversário, torcida, pressões), possam usar essas habilidades estimuladas e desenvolvidas durante as aulas de acordo com os objectivos traçados no planeamento. Além dos objectivos gerais e específicos. SILVA (2003) apresenta os objectivos comuns que deverão ser os primeiros e elaborados pelo conjunto de professores comuns a cada disciplina (plano de área curricular). Os objectivos particulares são específicos em cada unidade didáctica do plano de curso e aparecem no plano de unidade didáctica, e os objectivos imediatos são os comportamentos que os alunos deverão demonstrar ao final da aula. Capitulo IV V. Apresentação dos Resultados 5.1 Resultados dos questionários realizados com os profissionais de futebol Foram investigados dez profissionais que actuam com a iniciação do futebol na cidade de Maputo. A idade média dos profissionais foi de 33,6 ± 11,6 anos (mínimo = 20, máximo = 40 anos). O tempo médio de experiência dos profissionais no ensino do futebol foi de 6,3 ± 4,6 anos, (mínimo = 1 e máximo = 13 anos). Dez entrevistados, dois trabalham em escolas que não tem vínculo com clubes = (20%); oito = (80%) trabalham em escolas vinculadas a clube profissional. Dos profissionais entrevistados, de acordo com as Direcções das escolas, apenas um poderia exercer legalmente a função de professor de futebol, dois cursavam educação física e desportos, cinco tinham o ensino médio completo e dois deles apenas o ensino básico completo (tabela 2). Tabela 2 – Identificação da escolaridade dos profissionais Opções (n) (%) Ensino básico completo 2 20 Ensino médio completo 5 50 Aluno de Educação Física 2 20 Professor de Educação Física 1 10 TOTAL 10 100 Dos profissionais entrevistados, cinco foram ex-jogadores profissionais (50%) e cinco ex-jogadores amadores (50%). Os profissionais foram questionados para verificar se haviam realizado algum curso específico de futebol ou curso de aprendizagem e iniciação desportiva. Sete professores (70%) não realizaram nenhum curso específico de futebol, três (30%) realizaram os cursos específicos de futebol. Em relação aos cursos para aprendizagem e iniciação, quatro professores (40%) realizaram e seis (60%) não realizaram cursos com esse conteúdo. A maioria dos entrevistados tem mais de um objectivo com os alunos. Dentre esses objectivos, a maioria, 5 (50%) têm como um dos objectivos formar jogador/atleta profissional de futebol, quatro (40%) também têm como objectivo a formação global e apenas um (10%) dos entrevistados tem como objectivo único a promoção do lazer e saúde. De acordo com as metodologias de ensino utilizadas pelos profissionais nas aulas, quatro deles (40%) trabalham a maioria do tempo com o método global, três (30%) trabalham na maioria do tempo com o método parcial e três (30%) trabalham com o método misto. Dos profissionais entrevistados nenhum utiliza o método situacional. O número de aulas por semana variou de 3 a 5 vezes, 3 (n=2); 4 (n=4); 5 aulas/semanais (n=4). A duração das aulas variou de 1 a 4 horas por aula. As idades em que são definidas as posições pelos profissionais ficam entre 7 e 18 anos. Dois profissionais definem a posição aos 7-8 anos, cinco deles definem aos 11-12 anos e três profissionais se preocupam em definir a posição de jogo aos 16-18 anos. Na tabela 5 estão apresentados os valores médios dos números de aulas por semana, horas/aula, treinamento físico e treinamento tático. Os dez profissionais entrevistados ministram treinamento físico em suas aulas. A idade na qual ocorre o treinamento físico varia de 7 a 14 anos (tabela 3). Em relação às capacidades físicas, todos os profissionais trabalham mais de uma capacidade. Dos dez profissionais, 4 (40%) trabalham coordenação, 3 (30%) agilidade, 1 (10%) flexibilidade e dois (20%) trabalham força. Tabela 3 – Idade de início do treinamento físico Opções (n) (%) 7-8 anos 2 20 11-12 anos 4 40 13-14 anos 4 40 Total 10 100 Com relação ao sistema táctico os profissionais iniciam o treinamento entre 7 a 15 anos (tabela 4). Quanto ao método utilizado para trabalhar o sistema táctico (treinamento táctico específico e jogos que desenvolvam o sistema táctico) todos trabalham com jogos para treinamento táctico e sete profissionais (70%) trabalham também com o treinamento táctico específico. Tabela 4 – Idade de início do treinamento dos sistemas tácticos Opções (n) (%) 7-8 anos 1 10 9-10 anos 2 20 11-12 anos 2 20 13-15 anos 5 50 TOTAL 10 100 Tabela 5 – Número de aulas/semanais, horas/aula, treinamento físico e treinamento táctico Aulas/semanais (n) Horas/aula (h) Treinamento físico (vezes/semana Treinamento táctico (vezes/semana) Média ± D.P. 4 ± 1 1,8 ± 0,9 3,0 ± 1,7 2,2 ± 1,5 Máximo 5 5 5 5 Mínimo 3 1 2 1 Em relação à participação em competições, oito profissionais (80%) participam regularmente e apenas dois (20%) nunca participam de competição com seus alunos. As idades de início das crianças nas competições variam de 7-12 anos com uma média de 8,2 ± 1,9 anos (tabela 6). Todos os profissionais responderam que nenhuma criança é excluída das competições, ou seja, todas as crianças inscritas participam nos jogos. Com relação à exigência de participação de todos os inscritos nos jogos das competições, quatro profissionais (40%) nunca participaram de campeonatos onde o regulamento exigia que todos os inscritos jogassem e seis profissionais (60%) participaram de alguma competição com esse regulamento. Tabela 6 – Idade de início de participação em competições Opções (n) (%) 7-8 anos 3 30 9-10 anos 3 30 11-12 anos 4 40 Total 10 100 5.2 Resultados dos questionários realizados com os alunos de futebol Foram avaliados 30 alunos, 10 entre 7-8 anos, oito entre 9-10 anos e dose entre 11-13 anos (média 10 ± 2,2 anos). As crianças identificaram os pais como os principais incentivadores para a prática do futebol (tabela 7). Tabela 7 – Identificação das pessoas que incentivaram as crianças a praticar o futebol Opções (n) (%) Pai 13 43,3 Professor 6 20 Parentes 6 20 Iniciativa própria 5 16,6 Amigos 0 0 TOTAL 30 100 O motivo que mais leva as crianças a praticar o futebol é a intenção de ser jogador de futebol (tabela 8). Dentre esses alunos que se identificaram com tal motivo, 18 alunos (60%) têm essa opção por gostar do desporto e 5 (16,6%) pelo factor financeiro. Tabela 8 – Motivos que levaram a criança a praticar o futebol Opções (n) (%) Saúde 4 13,3 Lazer 4 13,3 Fazer amigos 1 3,3 Ser jogador 21 70 TOTAL 30 100 Com relação à posição de jogo, os alunos foram investigados sobre qual a posição eles jogavam. Mesmo os mais jovens já tinham preferência por uma posição de jogo. Os alunos com idade entre 7-8 anos (n=10) quatro têm preferência para atacante, 3 para meio-campo e três defesas; os alunos com idade entre 9-10 anos (n=8) dois têm preferência para guarda-redes, 4 atacante, dois para meio-campo; os alunos com idade entre 11-13 anos (n=12) cinco têm preferência para meio-campo, 2 atacante, 3 defesa e 2 guarda-redes. (tabela 9). Tabela 9 - Qual posição que joga Opções (n) (%) Guarda-redes 4 13,3 Defesa 6 20 Meio-campo 10 33,3 Atacante 10 33,3 Total 30 100 Os alunos foram questionados se haviam jogado em outra posição oito deles (26,6%) não jogaram em outra posição e vinte e dois (73,3%) já jogaram em outra posição. Em relação ao interesse em jogar em outra posição, seis alunos (20%) gostariam de jogar em outra posição com o motivo de aprender mais e vinte e quatro alunos (80%) não gostariam de jogar em outra posição porque gostam das que jogam. O interesse em participar de competições é muito grande entre os alunos, ou seja, 28 alunos (93,3%) gostam de participar de competições e somente dois dos entrevistados respondeu não gostar. Capitulo V VI.Análise, Discussão dos Resultados, Conclusões, Recomendações, Bibliografia e Anexos Foram investigados dez profissionais com idades entre 20 e 40 anos. Dentre esses apenas um poderia estar actuando legalmente, pois possuía autorização para trabalhar com a iniciação, dois cursavam educação física e desporto, cinco tinham o ensino médio completo e dois apenas o ensino básico completo. Cinco deles foram ex-jogadores profissionais e cinco ex-jogadores amadores. Baseando-se nesses dados podemos observar que a maioria dos profissionais que actuam em escolas de iniciação do futebol são ex-atletas e ex-amadores e um deles é formado em educação física, apenas um tem autorização, como provisionado, para actuar com o futebol. Isso deixa claro que esses profissionais têm a experiência prática, mas podem não possuir conhecimento científico sobre conteúdos que são importantes para a elaboração e execução de um programa de iniciação desportiva, como por exemplo, didáctica, metodologia de ensino, crescimento e desenvolvimento físico, fisiologia do esforço, psicologia do desenvolvimento e outros. Assim, é possível que as características físicas, motoras, afectivas e psicológicas dos alunos não sejam respeitadas de acordo com as faixas-etárias recomendadas em literaturas profissionalizadas para a iniciação desportiva de alunos. Quanto à participação desses profissionais em cursos específicos de futebol e cursos com aprendizagem e iniciação desportiva, ficou claro que não existe muito interesse, incentivo externo por parte dos profissionais e das instituições nos quais actuam para a actualização destes. No que se refere aos objectivos dos profissionais em relação aos alunos, constatou-se que quase a totalidade dos entrevistados tem como objectivo formar jogador/atleta profissional. Com o objectivo de rendimento, a especialização pode ocorrer mais cedo do que o indicado. Quando se trata de iniciação desportiva, o principal objectivo deve ser a inclusão da criança no desporto, independente de qual seja ele, visando a formação de cidadãos conscientes com um desenvolvimento global (INCARBONE, 1990). Tornar-se o jogador profissional deve ser consequência do trabalho realizado. A maioria dos profissionais utiliza o método de ensino global. Porém nenhum deles soube definir o que seria a metodologia de ensino. Somente após uma breve conversa, durante a explicação do conteúdo de suas aulas, pôde-se constatar que o método mais utilizado foi o global. De acordo com GRECO (1998) o treinamento generalizado deve ser utilizado para desenvolver uma variedade de habilidades motoras, e no método global temos a possibilidade de trabalhar essas habilidades, contudo, há desvantagens nesse método que poderiam ser supridas com o método situacional. Segundo TANI (2006) quanto mais precoce ocorrer a iniciação desportiva, melhor será para a criança, pois proporciona inúmeros benefícios. Em nossos resultados a idade de início no futebol foi de sete anos, o que segundo a literatura é a idade indicada para iniciar a prática desportiva. Já o número de aulas semanais não está de acordo com uma proposta desportiva adequada. Todos os profissionais ministram três ou mais aulas por semana em suas turmas. Segundo MARQUES (1991), treinamento em três ou mais vezes por semana para crianças com menos de 12 anos significa especialização precoce. Em relação à quantidade de horas/aula, a maioria utiliza duas horas ou menos. MARQUES (1991) afirma que para uma especialização precoce o treinamento deve acontecer com duas ou mais horas/aula, então com esse dado não podemos afirmar que existe especialização precoce com a maioria da população estudada. Quanto às idades que são definidas as posições de jogo, a maioria dos profissionais as define entre 11-12 anos, DANTAS (1998) diz que aos 18 anos é que se especializa numa posição, dado importante, pois mostra que abaixo dessa idade as crianças têm a possibilidade de conhecer outras posições para promover um conhecimento amplo das habilidades e capacidades funcionais para a fase posterior que é da especialização desportiva (GRECO, 1998). A maioria das crianças relatou que tiveram oportunidade de jogar em outras posições. De acordo com os resultados do treinamento táctico, foi constatado que a maioria dos entrevistados trabalha com idades acima de onze anos. De acordo com a literatura (FRISSELLI e MANTOVANI, 1999) a idade para se começar a trabalhar o sistema táctico é a partir dos 10-12 anos através do método jogo que constitui no principal meio de treino táctico. A partir dessa idade inicia-se um maior treino táctico de forma individual e com grupos menores. Dessa forma, os profissionais trabalham de acordo com o que a literatura propõe, ou seja, desenvolvem o treinamento táctico acima da faixa etária permitida e através de jogos, pois todos os entrevistados utilizam desse método e sete também utilizam o treinamento táctico específico. Em relação ao treinamento físico, a maioria dos profissionais trabalha com idades acima de 11-12 anos. Das capacidades, as mais trabalhadas foi a coordenação e a agilidade. De acordo com ZAKHAROVA apud FRISSELLI e MANTOVANI (1999) a idade para começar a trabalhar a coordenação é a partir dos 7 anos. DANTAS (1998) recomenda que a capacidade de coordenação e flexibilidade seja trabalhada na formação básica, ou seja, 7-12 anos. Quanto à agilidade, (DANTAS, 1998) recomenda que a idade para iniciar o trabalho de agilidade é a partir dos 12-13 anos. O trabalho de força, segundo ZAKHAROV apud FRISSELLI e MANTOVANI (1999) deve ocorrer a partir de 14 anos. WEINECK (2000) recomenda a partir dos 6-10 anos com o objectivo de fortalecer o aparelho motor e da musculatura responsável pela postura de jogo, de forma multidisciplinar e variada, além de harmoniosa. Com esses dados, os profissionais trabalham de acordo com a literatura, pois utilizam na maior parte de suas aulas trabalhos de coordenação e agilidade respeitando os períodos sensíveis de desenvolvimento. Outro dado interessante refere-se à participação em competições, onde 80% dos profissionais participam regularmente de competições e o que nos chama a atenção é que a maioria dos profissionais levam as crianças com menos de 12 anos a participar de competições. Essas competições exigiam algumas regras para não excluir as crianças participantes, mas de acordo com MARQUES (1991) isso não significa que não está ocorrendo especialização precoce. Nas competições, por mais que existam regras de não exclusão, existe também a cobrança, a busca pela vitória, a frustração por não ter ganhado o jogo ou por não ter feito o golo. Segundo KOWALSKI (1985) essas situações prejudicam a integridade física e psicológica afectando também o desenvolvimento motor e desportivo. Os alunos que frequentam as escolas de iniciação desportiva do futebol participantes da pesquisa tinham idades entre 7-13 anos com uma média de 10 anos. Dos 30 alunos, 13 identificaram os pais como sendo os principais incentivadores para a prática do futebol. Apesar de não ser identificado na literatura, é possível observar o interesse dos pais em fazer do filho um jogador de futebol, o que muitas vezes ocorre pelo seu próprio interesse, frustração por não terem sucesso como jogador, ou ainda verem no filho a possibilidade de melhorar o nível económico. A maioria das crianças (70%) pratica o futebol com a intenção de ser jogador profissional. No entanto, a maioria dessas crianças quer ser jogador de futebol por gostar do desporto e não pelo factor financeiro. Isso muitas vezes põe em conflito os interesses do filho e do pai (patrocinador). Em relação à posição de jogo mesmo os mais jovens já tinham uma preferência, mas não eram obrigados a jogar em nenhuma posição. A criança conhecendo o maior número de posições desenvolverá inúmeros aspectos motores contribuindo para o seu desenvolvimento de forma integral. Um dos objectivos da iniciação desportiva é a oportunidade de vivenciar outras posições, ou seja, uma diversidade de movimentos (INCARBONE, 1990). Vinte e dois dos trinta alunos entrevistados já jogaram somente em uma outra posição. De acordo com os dados, a variação se deu em apenas mais uma posição, o que ainda é reduzido, em se tratando do futebol. Quanto ao interesse em participar de competições, 93,3% gosta de participar de competições. Cabe ao professor organizar as competições, incluindo regras que não exclua a criança dos jogos, competir de maneira adequada e saber orientá-los no momento certo para que não atrapalhe, talvez, um futuro promissor dessa criança. A participação em competições acontece a partir dos 10-12 anos (ARENA e BOHME, 2000), apesar desse dado, as crianças têm interesse em competir antes dessa idade. Isso pode ser por um aspecto natural, influência dos pais, da mídia, ou dos próprios amigos, para mostrar quem é o melhor, para si e para os outros. A idade de iniciação desportiva pode ocorrer precocemente (TANI, 2006), aos 6-7 anos (ARENA e BOHME, 2000) ou por volta dos 13 anos (PINI, 1983). No entanto, é certo que a especialização deva ocorrer por volta dos 12-13 anos (ARENA e BOHME, 2000), quando as crianças entram na adolescência. Em nosso estudo observamos que a iniciação desportiva com o futebol ocorre de maneira adequada quanto ao número de horas/aula por semana. Mas, com relação a outros parâmetros, como os dias de aulas/semana os treinadores não respeitam. Isso pode ser pela falta de formação académica dos profissionais em relação ao processo ensino/aprendizagem, pelo estímulo/organização da instituição, pela arrecadação financeira, dentre outros factores. 6. 1 Conclusões A formação dos profissionais que actuam nas escolas de futebol da cidade de Maputo é preocupante, pois todos os profissionais entrevistados não são formados em educação física e a maioria não realiza cursos de actualização, tanto específicos de futebol como de iniciação desportiva. Eles actuam com base em sua experiência prática, como jogador de futebol profissional ou amador. Através de alguns parâmetros como os dias de aula/semana, verifica-se o processo de especialização precoce. Mas em relação ao número de horas/aula por semana, as capacidades que são trabalhadas o treinamento físico, o método que é utilizado para desenvolver o jogo, estão adequados conforme o recomendado. Apesar dos profissionais não terem clareza da definição sobre os métodos de ensino do futebol, a maioria utiliza o método global e nenhum deles utiliza o método situacional. De acordo com a participação em competições, quase a totalidade dos profissionais participam regularmente de competições e esses profissionais levam as crianças com menos de 12 anos para participar das competições. Dados que revelam a especialização precoce. No entanto, eles dão oportunidade para que todos joguem porque o regulamento exige que todos joguem. A pessoa que mais influenciou a criança a jogar o futebol são os pais, sendo que o motivo das crianças pela procura da escola de futebol foi o de ser jogador profissional, pois a maioria gosta do desporto. 6.2 Recomendações Recomendamos às estruturas competentes uma nova estratégia para formação contínua dos professores/treinadores, capacitando-os em matéria relacionada a Educação Física e desporto; Cooperar com a Universidade Pedagógica para lhes proporcionar ajuda continua em termos de formação dos docentes em áreas de Educação Física e Desportos; Apelamos também que no caso de novos ordenamentos dos bairros devem incluir infra-estruturas desportivas para a prática Educação Física e Desportos. Por exemplo, Campos de futebol, campos para a prática de atletismo, piscinas para a natação entre outras modalidades. 6.3 Bibliografia BERTOLDI, Rafaela, (2006), Variáveis psicológicas que interferem no desempenho desportivo .Futsal Brasil. 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